Como facilitar a digestão do alho

No artigo de hoje vou partilhar com vocês muitas dicas e truques que vão ajudar na digestão do alho!
 

Porque é que o alho é tão difícil de digerir?

Alho é muito rico em inulina, que é um tipo de hidrato de carbono não digerível, muito benéfico para a saúde intestinal. Este tipo de fibras são conhecidas por “fibra dietética” e desempenham o papel de prebióticos, alimentos as bactérias do nosso intestino (probióticos).

A inulina do alho vem dos frutanos, que são um conjunto de polissacarídeos e oligossacarídeos encontramos apenas em vegetais. Para além do alho, estão presentes na cebola, alho-francês, trigo e outro tipo de elementos. Para muitas pessoas, os frutanos são de difícil digestão, daí o alho poder ser tão chato para o intestino!

O principal truque para tornar o alho mais digesto

Muito simples: cortar o alho a meio e retirar o germe. O germe é a parte central do alho, também conhecido por “coração” ou “alma” do alho.

Retirar o germe do alho permite:

 

  • Tornar a sua digestão mais fácil
  • Reduzir o amargo
  • Reduzir o mau hálito

digestão do alho germe

Outras dicas que ajudam na digestão do alho

Escolher alhos mais pequenos e novos

Alho mais maduros são mais difíceis para a digestão, para além de terem o germe muito maior. Assim, tente escolher alho de tamanho mais pequeno e que seja fresco. Se possível, mantenha o alho no frigorífico, para ele não continuar a germinar.

Considerar utilizar o alho em cru

A alho é naturalmente mais facilmente digesto quando é consumido cru, em vez de cozinhado. Isto acontece porque o alho cru tem enzimas digestivas que, infelizmente, desaparecem quando este é cozinhado. Para além disso, em cru tem mais benefícios para a saúde intestinal, pois é mais rico em prebióticos.

A verdade é que uma vez removido o germe, o seu sabor e cheiro não serão tão intensos! Assim, considere utilizar o alho em cru, adicionando-o às receitas apenas no final da confeção, já com o lume desligado.

Não cozinhar demasiado o alho

Mas a verdade é que em muitas receitas, faz mais sentido acrescentar o alho no início da confeção. Neste caso, não cozinhe demasiado o alho e não deixe com que ele ganhe demasiada cor. O alho torna-se de mais difícil digestão quando é cozinhado demasiado, até dourar.

 

digestão do alho

Ingredientes que facilitam a digestão do alho

Para além de todos estes truques, muitos alimentos – na sua maioria ervas aromáticas – facilitam ainda mais a digestão do alho. Assim, ao combinar o alho com um destes ingredientes numa receita, vamos obter melhor sabor e também uma digestão mais fácil:

  • Orégãos
  • Hortelã
  • Gengibre
  • Alecrim
  • Salsa
  • Manjericão
  • Louro
  • Erva-doce

digestão do alho

Receitas com alho

Para terminar, deixo-vos algumas receitas em que é utilizado em alho!

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Neste artigo falo sobre leguminosas secas, como cozinha-las e melhorar a sua digestibilidade! Se gostas de feijão, grão e favas, mas tens alguma dificuldade em digerir este tipo de alimentos, este artigo é para ti!

 

 

Os benefícios das leguminosas

Mas, vale a pena consumir leguminosas de todo? Vale muito! As leguminosas são verdades super-food, esqueçam as bagas goji e a spirulina. Seja numa alimentação vegetariana ou tradicional, as leguminosas devem ser incluídas nas refeições do dia-a-dia.

Características nutricionais das leguminosas:

 

  • São uma excelente fonte de proteínas, representando estas cerca de 20 a 25 % do seu peso total. 
  • Contêm na sua composição boa quantidade de fibras (entre 5 a 15 % do peso seco), o que contribui para a saciedade e controlo do peso.
  • São ricas em vitaminas do complexo B e em minerais como ferro, o zinco, o magnésio, o potássio e o fósforo. 
  • Em termos de substâncias bioativas, são fornecedoras interessantes de compostos fenólicos, flavonóides, isoflavonas e outros antioxidantes. 

Para além de serem um alimento muito saudável, são também uma fonte de proteína muito sustentável, pois:

 

  • Emite menos equivalentes de CO2 (1 kg de leguminosas emite cerca de 19 vezes menos equivalentes de CO2 do que a mesma quantidade de carne)
  • O seu cultivo gasta menos água (produzir 1 kg de leguminosas necessita cerca de 4mil litros de água, enquanto que de carne de vaca, 15mil / kg).
  • Fixam azoto atmosférico, diminuindo a sua concentração na atmosfera;

 

Porquê optar por leguminosas secas?

As leguminosas em frasco/lata são muito práticas e dá jeito ter sempre em casa para salvar refeições SOS! No entanto, feijão, grão e derivados comprados secos têm muitas vantagens…

Vantagens em comprar leguminosas secas vs já cozidas em frasco/lata:

 

  • Mais baratas
  • Mais sustentáveis (menos embalagens)
  • Mais saudáveis (controlamos o processo de confecção)
  • Ocupam menos espaço
  • De melhor digestão

 

Difícil digestão das leguminosas

Mas Oksana, eu fico tão mal-diposto/a quando como leguminosas! 

As leguminosas contêm compostos que não são absorvidos pelo nosso organismo, pelo que ficam disponíveis para a fermentação por parte das bactérias do microbiota.  A fermentação, por parte destas bactérias, leva à formação de gases, o que podem originar algum /desconforto gastrointestinal.

 

Para além disso, as leguminosas contêm fitatos, os chamados “anti-nutrientes”. Apesar de também serem responsáveis por uma digestão mais difícil e terem “má fama” devido ao seu nome, alguns estudos indicam que os fitatos podem ter propriedades anticancerígenas.

 

Melhorar a digestibilidade das leguminosas

Como então facilitar a digestão das leguminosas? 

Ao comprar as leguminosas secas, podemos reduzir a quantidade de fitatos presentes nas mesmas e facilitar a sua digestão, graças ao método de confecção e uso de alguns “truques”. Assim, para além da demolha das leguminosas (que aprofundo a seguir), podem ser usados alguns alimentos durante a demolha e o cozimento que as vão tornar ainda mais fáceis de digerir.

Digestão leguminosas

Alga Kombu – é a maneira mais eficaz de tornar as leguminosas mais digestas. Basta adicionar uma tira de 2cm de alga ao demolhar e cozer cerca de 500gr de leguminosas secas. Depois disso, a alga deve ser descartada.

Gengibre – gengibre em raiz também é bastante eficaz, e utiliza-se tanto na demolha como na cozedura. Adicionar 4 rodelas de gengibre para cada 500gr de leguminosas secas.

Vinagre de maça –  pode ser usado para complementar a alga/gengibre, uso especialmente para o grão de bico. Adicionar 2 colheres de sopa de vinagre à demolha da leguminosa (encontram receita do vinagre caseira de maça no meu livro, Vegetal a 100%)

Louro  – já é muito conhecido por auxiliar a digestão em geral! Pode ser usado tanto na demolha, como cozedura, cerca de 3 folhas por cada 500gr de leguminosas secas.

Orégaos – para além de ajudarem na /digestão, dão um sabor agradável! Utilizar 1 colher de chá de orégãos secos por cada 500gr de leguminosas secas, durante a cozedura.

Hortelã – semelhante aos orégãos, a hortelã tempera e torna as leguminosas mais digeríveis. Utilizar 1 colher de chá de hortelã seca por cada 500gr de leguminosas secas, durante a cozedura.

Bicarbonato de sódio – ajuda a amolecer as fibras e a tornar as leguminosas mais digeríveis. Adicionar 1 colher de sopa por cada 500gr de leguminosas secas, durante a cozedura.

Cozinhar leguminosas: demolhar

As leguminosas secas passaram pelo processo de secagem sendo necessário demolhá-las, de forma, a restabelecer a água perdida no processo, o que permite também reduzir o teor de antinutrientes, levando a uma melhor biodisponibilidade dos nutrientes. 

Passos do processo de demolha das leguminosas:

 

  1. Demolhar as leguminosas em água fria, durante pelo menos 8-10h (de preferência 24h)*
  2. Trocar a água 1 ou 2 vezes durante a demolha
  3. Rejeitar a água da demolha antes de cozer a leguminosa

O processo de demolha vai permitir inicial a germinação das leguminosas, tornando-as mais nutritivas e digestas. Depois do demolha, pode partir um grão a meio, sendo possível observar quase sempre o rebento a surgir (especialmente nas leguminosas biológicas).

* No caso do grão de bico, este pode ser demolhado durante 48h, trocando a água 1-2 /vezes.)

leguminosas secas

 

Cozinhar leguminosas: cozer

Depois de demolhada, a leguminosa deve se cozida (o tempo varia sempre dependendo do tipo), colocando-se então a alga, gengibre, bicarbonato ou outro alimento anteriormente referido que facilite a sua digestão. Algumas notas importantes relativamente à cozedura:

 

  • Não adicionar sal, uma vez que vai tornar a cozedura mais lenta e a textura das leguminosas mais dura
  • Para uma cozedura mais rápida, utilizar a panela de pressão
  • A restante água das leguminosas pode ser utilizada na confecção, se a sensibilidade intestinal às leguminosas não for muito grande
  • A alga/gengibre também podem ser aproveitados, se a sensibilidade intestinal às leguminosas não for muito /grande

 

Conservar leguminosas cozidas

As leguminosas /já cozidas devem ser conservada, idealmente, com a água da cozedura. No frigorífico, num frasco de recipiente bem fechado, duram cerca de 4 dias. Pode também optar por congelar (com ou sem a água da cozedura), em recipientes, frascos ou sacos de congelação. Para descongelar,  retirar na véspera para consumir ou passar por água quente para descongelar mais rapidamente.

 

Receitas com leguminosas

 

 

Referências:

Craveiro, C. (2016). Leguminosa a leguminosa, encha o seu prato de saúde.
Catch the Pulse: Pulses are smart food. International Crops Research Institute for the Semi-Arid Tropics, Telangana, Índia. 2016, 1-36
Champ MM. Non-nutrient bioactive substances of pulses. British Journal of Nutrition, 2002; 88(3): S307-19; 10.1079/BJN2002721.
The nutritional value and health benefits of pulses in relation to obesity, diabetes, heart disease and cancer. British Journal of Nutrition, 2012; 108, S1-S2.
Guide to cooking Beans, Chickpeas, Lentils and Peas. Pulses Canada, Manitoba, Canada. 2008, 1-2.
Sandberg AS. Bioavailability of minerals in legumes. British Journal of Nutrition, 2002; 88(3), S281-5; 10.1079/BJN/2002718